Gambás

Olá, para quem não me conhece, sou um gambá, mas também conhecido como mucura, saruê, raposinha. Apesar de não parecer à primeira vista, sou primo dos cangurus e coalas que ocorrem na Oceania; somos todos marsupiais, com 55 espécies no Brasil. Nossa característica mais marcante é que nossos filhotes nascem prematuros, e seu desenvolvimento se completa no marsúpio. Marsúpio é uma bolsa, onde os filhotes, ao nascerem, se arrastam até ela e ficam ali protegidos e mamando, até terminar seu desenvolvimento. Nós, os gambás, temos uma gestação de 10 a 13 dias, e a amamentação dura por até quatro meses; só depois, os filhotes se aventuram fora do marsúpio. A reprodução começa no final da estação seca, para que a amamentação ocorra no período com mais alimento disponível na natureza. No Rio de Janeiro, costuma ser de setembro a fevereiro. Mas justamente no período de amamentação é que nós, as mães, ficamos mais vulneráveis a ataques de cachorros e gatos e aos atropelamentos, porque estamos mais lentas e caminhamos mais para procurar alimento. Então, por favor, não deixe seus animais domésticos se aproximarem de nós e dirija devagar nas ruas.

Nós temos uma dieta bem variada, somos onívoros; comemos frutas, insetos, pequenos vertebrados (ex.: roedores, cobras) e até néctar, quando, então, polinizamos as flores. Prestamos muitos serviços à natureza, mas o principal é a dispersão de sementes; por isso, somos conhecidos como jardineiros da floresta. Não tenha medo de nós, não transmitimos doenças e se, por algumas vezes, parecemos agressivos, quando rosnamos, é porque estamos acuados e com medo de você, que é muito maior do que nós. Se você encontrar algum filhote, não o abandone, pois ele não vai conseguir sobreviver, se não for cuidado. Ligue para um veterinário, para que ele possa dar dica de alimentação e suplementos e nos mantenha bem quentinhos. Algumas ONGs fazem o trabalho de reintrodução de animais silvestres na natureza, como, por exemplo, o Instituto Vida Livre (https://www.institutovidalivre.org.br).

Proteja a natureza!

Escrito por Dra. Helena de Godoy Bergallo.